Comida no prato, vacina no braço – Amarildo Cenci
Todo trabalhador deseja um emprego que lhe permita sustentar a sua família. Mas esse direito é negado impiedosamente para 14 milhões de brasileiros. Além disso, 59% dos domicílios brasileiros sofrem com a insegurança alimentar e 15% das famílias estão passando fome. A pobreza, visível em cada esquina, nos apavora.
Todo trabalhador quer que suas capacidades sejam plenamente aproveitadas, porém para 32 milhões de brasileiros são oferecidas somente ocupações eventuais e precárias.
Os nossos 51 milhões de jovens esperam encontrar ensino de qualidade e ingressar no mercado de trabalho. Pouquíssimos são os afortunados. Para a esmagadora maioria, o futuro é algo sombrio.
Toda mulher trabalhadora quer ter direitos iguais e empregos de qualidade. Mas o Brasil insiste em manter diferenciações salariais e boa parte da oferta de ocupações para elas são precarizadas.
Todo brasileiro precisa orgulhar-se da pátria onde nasceu. Lamentavelmente, viramos pária internacional. O presidente é denunciado em instituições globais pela gestão genocida da pandemia. Falta vacina e sobra confusão premeditada para criar clima de caos e ameaças de golpes.
Muitos empresários inescrupulosos vibraram com as trocas de governos e hoje se dizem representados. Aplaudiram a reforma trabalhista e as políticas de ajuste fiscal. Querem mais privatizações e menos políticas sociais. Estão com a faca e o queijo na mão. A faca é a mesma que apunhala os trabalhadores com promessas de empregos que nunca se concretizam.
Nós, trabalhadores, não queremos erguer impérios. Não ambicionamos que nossos nomes apareçam como bilionários nas páginas da Forbes. Queremos tão somente comida no prato e vacina no braço. Viver e ter saúde com trabalho e renda. Para a juventude, educação de qualidade e oportunidades. E para as mulheres, relações igualitárias e não violentas.
Neste 1º de Maio levantaremos a bandeira da solidariedade e do antirracismo e a nossa disposição em reerguer um país vilipendiado por uma elite que insiste em privatizá-lo para apenas 30% dos seus habitantes.
(Presidente da CUT-RS, professor e diretor do Sinpro-RS)
Fonte: CUT-RS
Publicado em 01/05/2021 em Zero Hora